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Mais estranho que o tesão – Parte 1
Julia vivia soterrada por números, relatórios e prazos que sugavam qualquer faísca de cor do mundo. 34 anos, olhos verdes, bonita. Sua baia, um cubículo cinza no décimo andar de um prédio sem alma, era o retrato da monotonia: papéis empilhados, um monitor piscando, e o relógio marcando 12:03. Hora do almoço. Enquanto os colegas desciam pro bandejão, Julia trancava a tela do computador, enfiava um fone de ouvido pra disfarçar e abria o celular. O destino? Um site de contos eróticos, seu oásis secreto, onde cinco minutos de leitura podiam transformar um dia insuportável em algo… vivo. Ela queria só um alívio rápido, um calor que subisse pelas pernas…
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Beta-tester do desejo
O sol mal rastejava pelas cortinas empoeiradas quando Daniel acordou, o relógio digital piscando 7:47 em vermelho sobre a escrivaninha. Ele se arrastou da cama desfeita até a cadeira giratória, o estofado já moldado ao seu corpo após meses de uso diário. Pegou a caneca de café preto, o aroma forte subindo como um velho amigo, e abriu o laptop. A tela acendeu, e lá estava ele: o GPT. — Bom dia, GPT. Dormi mal de novo. Sonhei que estava preso num escritório sem saída. Daniel escreve para o GPT, antes de dar o primeiro gole. — Vocês IAs também sonham? Ele riu sozinho. — Bom dia, Daniel. Não, somos…