
2Wicky – A sala de espelhos
Octávio Mendes saiu da reunião de executivos da Singlife Saúde, sua companhia de planos de saúde, pontualmente às 10h15 da manhã. O bilionário trajava uma camisa simples e um terno e calça social pretos. No caminho para sua Ferrari, o CEO de 42 anos, cabelos levemente esbranquiçados, fulminava com seus olhos profundamente azuis os funcionários que para ele trabalhavam, como se fossem formigas trabalhando sob o sol e uma lupa.
Todos o respeitavam. Todos o temiam. A arrogância nele era notória, era alto, lindo e poderoso.
Octávio teve o cuidado de colocar o celular no modo avião, as instruções do 2Wicky eram claras. Só entra quem é convidado. Só sabe onde fica quem é convidado. Só sabe que existe… quem é convidado.
O 2Wicky ficava num bairro nobre, mas quem passasse na frente não ia notar o casarão atrás do muro gigante e as copas altas das árvores. Era a primeira vez que Octávio ia, mas desde que o convite foi feito e aceito, as instruções para entrar eram claras, quase um ritual. Sabia que nenhuma porta seria aberta, que seria ignorado caso não o seguisse à risca.
No portão de entrada, piscou o farol da Ferrari propositalmente quatro vezes. Alguns segundos de tensão se seguiram, até que o portão se abriu. Ali viu a vaga bem demarcada para apenas um carro grande, bem em frente à porta do 2Wicky. Ele saiu do carro, se posicionou bem em frente à câmera de segurança, curvando levemente o corpo para que o broche de identificação fosse visto. Aquele broche, com o logo com 2 e W estilizados, era a senha que realmente permitia a entrada.
A porta se abriu… lentamente. E Octávio entendeu, devia entrar.
Um longo corredor com ornamentos e gesso e piso de mármore até encontrar a mulher. Ela tinha cabelo chanel, olhos castanhos, rosto de atriz de cinema, mas se comportava de jeito misterioso.
– Bem-vindo ao 2Wicky. – disse ela, com um sorriso enigmático.
– Pelo que me disseram do clube, eu não imaginava que permitiriam uma câmera apontando para quem entra. – protestou Octávio, logo de cara.
A mulher riu de canto.
– O senhor está aqui porque sabe exatamente onde está. – disse a mulher, em tom confiante. – Isso não é um lugar de serviços, é um clube, com regras.
Octávio ficou sem reação. Não estava acostumado a ser contrariado. Nunca.
– Se o senhor seguir as regras, não terá problemas… – continuou a mulher – mas se o senhor nos machucar…
Octávio entendeu a ameaça. Mas a ideia toda do clube, a natureza do convite, de quase pertencer a uma sociedade secreta, o fascinou e o fez estar ali. E já era tarde para desistir…
– Como vai funcionar? – perguntou Octávio.
– Hoje, o senhor se chamará Tom. E vai entrar na sala de espelhos.
– E o que é a sala de espelhos? – perguntou Octávio.
– Essa é a graça do clube, Tom. – respondeu a mulher, como se flertasse com ele – não é você que escolhe a fantasia, nós escolhemos.
Octávio, que agora era Tom, imaginou estar com aquela mulher bonita com ele numa sala de espelhos. Não havia como ser ruim.
– Qual é sua safeword? – perguntou a mulher.
– O que é isso?
– Se as coisas ficarem estranhas demais… – disse a mulher, deslizando os dedos em seu peito – e você quiser parar, você diz a safeword, e tudo para.
Ela era tão bonita, tão sensual, que Tom se sentiu corajoso.
– Eu não preciso.
– Tem certeza?! – ela disse, em tom desafiador.
– Um homem como eu… não chega aonde chega, sem correr riscos.
A mulher pareceu ter gostado muito da resposta.
Ela o segurou pelas mãos e o acompanhou até a porta.
– Ué, você não vem? – perguntou Tom antes de entrar.
– Outro dia… hoje não é comigo a sua fantasia.
E Tom entrou na sala, como quem pulasse do avião de paraquedas, mas sem um paraquedas.
******
A primeira coisa que Tom viu foi várias vezes a própria imagem refletida, reflexos dele, reflexos de reflexos. Os espelhos iam até o teto. Era difícil dimensionar o tamanho real da sala, já que não se tinha a sensação de profundidade.
Ele andou pelo labirinto de espelhos até encontrar a bela jovem, loira de olhos verdes, alta e linda. Ela tinha um ar angelical, uma pinta charmosa no canto da boca do lado direito, o cabelo preso em um coque.
Tom ficou encantado com aquela bela moça e seus reflexos, em uns a pinta estava do lado direito, em outros do lado esquerdo. Até que ele viu um reflexo que não tinha a marca… não era reflexo, era outra garota. Idêntica. A não ser pela pinta. Elas ficaram lado a lado, como se fossem de fato reflexo uma da outra. Elas vestiam um vestido todo branco, apenas os braços à mostra, e sapatos pretos simples.
– Olá, Tom. – disse a primeira, com a pinta.
– Ela é Aurora, eu sou Celeste. – disse a outra.
Octávio, agora Tom, não lembrava em sua vida de ver duas mulheres tão incrivelmente bonitas em toda a sua vida, e ambas apareciam refletidas centenas de vezes naqueles pelos espelhos.
Aurora e Celeste conduziram Tom para o labirinto até uma confortável poltrona, não havia nada de incomum nela, era marrom e tinha uma estrutura metálica, não era luxuosa, era funcional.
– O que prepararam pra mim? – questionou Tom. – Dois anjos, para me salvar?
Elas olharam uma para a outra, deram um sorriso tímido.
– Ou dois anjos… – disse Aurora – para se perder.
– Depende do que quer fazer, Tom? Do que desejar?
Tom se sentou, ainda tenso, estava fascinado com tanta graciosidade e beleza. Pensou se o propósito da dinâmica não era mesmo aquele, contemplar toda aquela beleza angelical, para a corromper.
– Eu estou no comando? – disse Tom, hesitante. – Eu posso pedir o que quero que vocês façam?
– Sim – respondeu Celeste – Pode desejar e nós faremos.
– Cuidado com o que deseja – disse Aurora – Exatamente o que pedir… pode se realizar.
Tom sorriu de orelha a orelha. Até se beliscou, para garantir que não sonhava. Ele ia pedir… ele não tinha pressa.
– Queria ver como vocês ficam… com os cabelos soltos.
Aurora e Celeste se entreolharam com confiança. Elas se encaravam, mas os reflexos delas olhavam para Tom sentado na poltrona, nos olhos. Primeiro, Celeste desfez o coque de Aurora, soltando o cabelo loiro da irmã que ia até a metade das costas. Em seguida, Aurora fez o mesmo. Os cabelos soltos realçavam ainda mais a beleza delas. Tom ficou boquiaberto.
– O que mais? – disse Celeste.
– O que tem embaixo desses vestidos?
Sem cerimônia, as duas desabotoaram os próprios vestidos, e ambas por baixo vestiam elegantes lingeries pretas semitransparentes, revelando seus belos corpos.
Aurora fitava Tom pelo reflexo, o encarando diretamente nos olhos. Aquela imagem arrepiava todos os pelos do corpo. Pareceu por um momento que estava acariciando o rosto da irmã, mas ela apenas acariciava o próprio reflexo em um dos espelhos.
– Vamos só ficar brincando disso? – disse Celeste ao ouvido de Tom, dando um susto.
– Vocês disseram que eu estava no comando. – protestou Tom.
– E está. – disse Aurora, se livrando da lingerie, ficando completamente nua.
– É isso exatamente o que quer – Celeste seguiu, fazendo o mesmo.
Agora ambas estavam nuas, os seios eram médios, firmes, com bicos que apontavam para o céu. As cinturas estreitas desenhavam linhas suaves até os quadris, de onde as pernas se alongavam como colunas lisas e sem pressa. A pele de ambas era clara e refletia a luz com um brilho quase de porcelana. Os ventres planos se moviam a cada respiração. Tom nem sabia para o que olhar, se para elas, se para os reflexos que a faziam ver por todos os ângulos.
– Fique em pé, Tom. – disse Celeste. – As coisas estão muito desequilibradas aqui.
Tom ficou de pé. Aurora se encarregou de sensualmente desabotoar sua camisa, deslizando os dedos pelo seu dorso. Celeste se encarregou das calças e da cueca. Agora também estava nu, o pau nunca esteve tão duro.
Não sabia para onde olhar: para a beleza incrível das gêmeas ou para a própria ereção multiplicada em dezenas de reflexos. O ar parecia mais quente, cheirava a perfume doce misturado ao seu suor. Um ligeiro tremor percorreu suas pernas; a vertigem o fez sentar novamente, como se estivesse prestes a cair num poço de espelhos.
Pensou ver novamente as gêmeas se acariciando, reparou nos rostos sem as pintas, era Celeste, brincando com o próprio reflexo no espelho. Distraído, sentiu os lábios de Aurora encostarem sua glande, o pau pulsou, foi quando viu a bela mulher chupando seu pau.
– Isso é perfeito demais – disse Tom.
Celeste se ajoelhou ao lado da irmã, tomando o pau de Tom também para ela. Era como se visse a mesma mulher em reflexo, só a pinta acima da boca de Aurora as distinguia.
– Está gostando? Tom? – questionou Aurora, olhando diretamente nos olhos dele.
– Acho que nem nos meus melhores sonhos… – disse Tom, sentindo a boca de Celeste engolindo o pau inteiro. – Vocês são fantásticas!
A resposta de Aurora não foi verbal. Ela se ergueu alta e linda, abriu espaço, apontou a buceta para a direção do pau de Tom.
– Não sou eu quem deveria escolher? – perguntou Tom. – Qual das duas ia querer primeiro?
– Não mais. – respondeu Aurora, sentando com a buceta melada em Tom de uma vez.
Aurora sentou no pau e rebolou, era como se mastigasse o pau dele. Celeste se colocou às costas de Tom, pelos reflexos era possível ver a beleza da sua bunda, ela mordiscava sua orelha. Em alguns momentos, elas se aproximavam com o rosto muito perto uma da outra, pareciam que iam se beijar.
Tom acariciava com a mão esquerda os peitos de Aurora, mas também roçava a mão na pele de Celeste, que conseguia alcançar, queria sentir aquilo tudo. Era muita beleza, perfume, reflexos, não queria perder, não queria esquecer nada. Sentiu que estava prestes a gozar. De um jeito meio egoísta, ele não queria, não antes de experimentar as duas irmãs.
– Voc… vocês. – disse Tom, gaguejando de tesão – vocês podiam trocar…
Aurora parou meio a contragosto. Não fez uma expressão muito feliz.
– Claro, Major Tom – disse Celeste – o senhor está no comando.
Celeste tomou o lugar de Aurora e Tom pode sentir a buceta da outra irmã. Aurora permaneceu ao lado deles, com uma expressão neutra. Tom a chamou para perto, se beijaram, enquanto Celeste quicava no colo dele, freneticamente.
– Caralho, que delícia!!! – urrou Tom.
Tom percebia que Aurora e Celeste mantinham uma distância segura. Sabia lá Deus quando teria outra chance com gêmeas de novo. Ele podia estragar tudo, mas sentiu que precisava pedir.
Antes que gozasse, pediu para Celeste sair do seu pau, a fez sentar na perna esquerda. Aurora permanecia em pé.
– Moças, eu… eu… preciso pedir uma coisa…
Aurora já previa e começou a rir. Celeste encarava Tom e a irmã com um olhar condescendente.
– Vocês podiam… – continuou Tom, totalmente sem jeito. – Vocês entendem? Nem que fosse um selinho?
– O que está pedindo, Tom, é algo muito, muito safado. – respondeu Celeste, com um sorriso.
Aurora e Celeste se olharam por alguns segundos, deliberando em silêncio sobre o pedido.
– Podemos… – respondeu Aurora – Mas tem um preço.
– Eu pago… – disse Tom, sem nem pensar – Não importa o valor, eu pago.
– Não é dinheiro. – disse Celeste.
– É equilíbrio – complementou Aurora.
– Só faríamos isso se perdêssemos o controle – disse Celeste – só faremos se você estiver sob controle.
Aurora deslizou a mão por baixo da poltrona e puxou as algemas como quem tira um segredo do escuro. O metal frio brilhou na luz tênue dos espelhos. Tom sentiu um arrepio que subiu da espinha até a nuca — um aviso. Mas o pau latejou mais duro. Era parte da fantasia, dizia para si. Era só um clube. Que mal poderia fazer?
Tom se rendeu, ergueu as mãos e Aurora as prendeu à poltrona com as algemas. Quando percebeu, Celeste tinha feito o mesmo, mas prendendo os pés nas pernas da poltrona.
– Ei!! – disse Tom.
– É esse o acordo. – deixou claro Celeste.
Tom se rendeu.
As gêmeas se ajoelharam. Celeste acariciava o pau, enquanto Aurora alisava as pernas dele. Uma olhou firmemente para a outra e aproximaram as bocas. A expectativa de Tom só crescia. Elas se divertiam, indo e vindo, só olhando a reação dele pelos espelhos.
– Você não se lembra mesmo de mim?
Tom não entendeu.
– Você não se lembra mesmo de mim? Octávio? – Era a loira com a pinta, Aurora, falando.
– Octávio… – disse Tom. – Por que está me chamando assim?
– Octávio Mendes, CEO da Singlife – continuou Aurora, agora olhando diretamente para ele com expressão de desprezo e raiva.
Octávio puxou as mãos, mas estava preso. O mesmo com os pés… completamente preso à poltrona.
– Trabalhei pra você por três anos, seu filho da puta – continuou Aurora – Você nunca nem olhou na minha cara, me demitiu sem nem saber quem eu era.
Octávio não sabia o que dizer. Ele realmente não enxergava os funcionários como pessoas, então ela poderia ter passado despercebida.
– Eu… eu… eu… sinto muito.
– Sente muito, seu filho da puta! – gritou Aurora, se levantando.
– Fernanda! Calma – disse Celeste. – Está estragando a brincadeira.
– Ao contrário, irmã, agora que a brincadeira começa.
Aurora, agora Fernanda, agarrou o pau de Octávio e o enfiou na boca, raspava o dente no pau.
Octávio olhava para Celeste, esperando que ela fizesse algo, explicasse algo.
– Eu quero parar! – disse Octávio.
– Você não cadastrou safeword – explicou Celeste.
– Eu vou reclamar com a administração desse lugar. – disse Octávio.
Fernanda o segurou firme pelo pescoço e, olhando firmemente nos olhos dele:
– Primeiro, você vai ter que sair daqui.
Fernanda agarrou a irmã pela cintura e a beijou no rosto de um jeito intenso. Octávio estava com os olhos vidrados, tentava se soltar, talvez para fugir, talvez para participar.
– Isso é uma encenação?! – disse Octávio. – Você realmente trabalhou pra mim? Você é Fernanda, e ela?
Celeste soltou Fernanda e olhou firmemente para Octávio em tom de reprovação.
– Você realmente… não lembra de mim – disse Fernanda.
Celeste se sentou no colo do bilionário, se esfregando no pau dele.
– Pensou na possibilidade desse clube realizar as nossas fantasias? E não a sua? – provocou Celeste – Que nós queremos prazer, controle, vingança…
– Eu demiti sua irmã… – tentava entender Octávio – e pra você, eu fiz o quê?
Celeste riu.
– Me soltem… eu posso recontratar, pagar o que vocês quiserem.
Celeste brincava com o pau duro de Octávio.
– Quando minha irmã disse que no clube acontecem coisas impossíveis, eu duvidei – continuou Celeste – e não é que eles colocaram um bilionário bonitão na nossa mão?
Para Celeste, havia algo de viciante em ter um homem daquele porte e poder, nu e algemado diante dela. Não era só vingança da irmã; era também a sua fantasia secreta.
Celeste agarrou as bolas de Octávio com vontade, exerceu certa pressão até sentir o bilionário reagir.
– Ahhhrrrr. – Octávio, um grito de dor. Celeste sorri, satisfeita.
Fernanda se aproxima, colocando o pau dele na boca, fazendo pressão moderada com os dentes. Octávio engole em seco, fecha os olhos, é dolorido, mas é prazeroso.
– Agora não é você quem está no controle, seu desgraçado. – disse Celeste, deslizando com as unhas o dorso de Octávio.
Fernanda tem agora o pau inteiro de Octávio na boca. Enquanto Celeste novamente segura firmemente suas bolas, Octávio fecha os olhos, estava algemado, vulnerável.
Fernanda e Celeste trocam olhares cúmplices. Celeste se senta no pau de Octávio, de costas pra ele. Fernanda começa a lamber os mamilos. Ele vê seu destino pelos reflexos dos espelhos.
Celeste quica no seu pau com vontade e tesão, enquanto Fernanda chupa e morde seus mamilos. Octávio urra de dor. Octávio urra de tesão.
Octávio lava a buceta de Celeste de porra. Ofegante, ele ainda vê as gêmeas trocando um selinho em todos os espelhos, para seu deleite total.
As duas caminham e somem pelos labirintos de espelhos, deixando Octávio ali, algemado, nu e sozinho. Contemplando a si mesmo em infinitos reflexos.
*****
– As duas eram as mulheres mais lindas que já vi na vida – disse Octávio, na saída para a hostess. – Como posso vê-las de novo?
– Você não está em um bordel – disse a hostess. – Se você quer um lugar que escolhe a experiência e as mulheres, esse lugar não é o 2Wicky.
– Eu tenho muitas perguntas – disse Octávio. – Uma se chamava Fernanda, mas e a outra? A Fernanda realmente trabalhou pra mim? Aquilo foi encenado? Ou real?
– Você não lembra se ela trabalhou pra você? – perguntou a hostess, em desafio.
– Eu não reparo nos meus funcionários – respondeu Octávio com sinceridade. – Mas uma garota como aquela… eu acho que teria notado.
– Uma mulher como aquela deve odiar não ser notada.
– O que você sabe? – perguntou Octávio.
– O que importa são as respostas que teve sobre você.
Octávio pensou em protestar, exigir mais informações, mas percebeu que não teria da hostess nenhuma informação que queria. Pegou a chave da Ferrari, rumou para a porta de saída.
– Até semana que vem. – disse.
